Este texto deverá ser impresso para ser usado em atividade a ser desenvolvida em sala de aula em data a ser marcada posteriormente.
O MERCADO DE TRABALHO HOJE
As
noções de trabalho/emprego/segurança social, tratadas quase como sinônimas,
mudaram com o passar do tempo, em interação com a evolução da sociedade e das
condições da produção. Assim como mudaram as realidades que se escondem por
trás dessas noções.
Vários
são os fatores que, conjuntamente e em interação, contribuíram para a
construção desta nova realidade do trabalho. Entre eles a globalização
econômica e a disseminação das inovações tecnológicas e organizacionais; as
transformações no papel dos estados; a disseminação do individualismo como
valor nas sociedades contemporâneas e o crescimento da participação feminina no
mercado de trabalho.
O
impacto desses fatores, por sua vez, pode ser percebido na nova configuração do
mercado de trabalho, com o aumento do nível de desemprego, o crescimento da
informalização nas relações trabalhistas, o deslocamento setorial do emprego, e
a transformação nos requisitos funcionais, com a exigência de novas habilidades
e competências.
Nas
últimas décadas, as mulheres invadiram o mercado de trabalho. No Brasil, a
participação feminina aumentou expressivamente: em 1999 representavam 41,4% da
PEA (população economicamente ativa) contra 31,7% em 1979. Esse ingresso veio
associado a transformações nas relações familiares e conjugais (como exemplo, o
número de famílias chefiadas por mulheres encontra-se em constante crescimento
– em 1989 representavam 20,1%, em 1999 chegou a 26%). Esses avanços, no
entanto, encobrem obstáculos importantes a serem superados no século XXI,
conforme publicado na internet.
Segundo
o artigo publicado na internet, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas
(PNUD) elaborou dois índices para mensurar o avanço feminino na sociedade e no
espaço de trabalho: o índice de desenvolvimento relacionado ao gênero (GDI), e
o índice de poder (empowerment - EM) de gênero. No primeiro índice, o Brasil
ocupa a 66ª posição, bem atrás da Argentina (35), Uruguai (37) e México (50) e
até de países islâmicos como a Malásia (57) e a Líbia (65).
Em
outras palavras, as mulheres representam mais de 40% da força de trabalho no
país. Porém, esta inserção ainda é preponderante nas ocupações e ofícios que
guardam correlação direta com as funções que elas desempenham no espaço
doméstico, tendo menor status social e demandando menor qualificação formal; consequentemente
auferindo menor renda.
Conforme
pesquisa feita na internet, em São Paulo, as mulheres recebem, por hora, 76% do
rendimento obtido pelos homens e o desemprego feminino fica sempre acima do masculino.
E quanto maior a escolaridade, maior a diferença salarial entre homens e
mulheres na mesma ocupação. Esse padrão se repete em muitos países. Mas, para
mulheres brancas, esta diferença em relação aos homens está caindo. Projeções
indicam que daqui a 30 anos não haverá mais discriminação salarial contra elas.
As
barreiras, visíveis e invisíveis, que mantêm as mulheres fora dos cargos mais
qualificados e mais bem remunerados são inúmeras: a feminização de determinadas
profissões e sua subsequente desvalorização, resistências sociais, a
maternidade e a desigualdade na divisão das tarefas domésticas, a falta de
massa crítica de mulheres nas organizações, dentre outras.
O
mercado de trabalho tem um campo vasto, no entanto requer praticidade e
constante atualização de informações. Quem não está apto, informatizado e
disposto a inovar no mercado de trabalho, ficará provavelmente, aquém das
necessidades de nossa época.
Mateus Diogo de Freitas - Aluno de Letras da FVJ
A
mulher e o mercado de trabalho
(...) São
diversas as desigualdades existentes na sociedade brasileira. Uma das mais
evidentes refere-se às relações de gênero, menos relacionada à questão
econômica e mais ao ponto de vista cultural e social, constituindo, a partir
daí, as representações sociais sobre a participação da mulher dentro de espaços
variados, seja na família, na escola, igreja, nos movimentos sociais, enfim, na
vida em sociedade.
Nas
últimas décadas do século XX, presenciamos um dos fatos mais marcantes na
sociedade brasileira, que foi a inserção, cada vez mais crescente, da mulher no
campo do trabalho, fato este explicado pela combinação de fatores econômicos,
culturais e sociais.
Em
razão do avanço e crescimento da industrialização no Brasil, ocorreram a
transformação da estrutura produtiva, o contínuo processo de urbanização e a
redução das taxas de fecundidade nas famílias, proporcionando a inclusão das
mulheres no mercado de trabalho.
Conforme
estudos recentes verificam-se, mesmo que de forma tímida, que a mulher tem tido
uma inserção maior no mercado de trabalho. Constata-se, também, uma
significativa melhora entre as diferenças salariais quando comparadas ao sexo
masculino. Contudo, ainda não foram superadas as recorrentes dificuldades
encontradas pelas trabalhadoras no acesso a cargos de chefia e de equiparação
salarial com homens que ocupam os mesmos cargos/ocupações.
Ainda
nos dias de hoje é recorrente a concentração de ocupações das mulheres no
mercado de trabalho, sendo que 80% delas são professoras, cabeleireiras,
manicures, funcionárias públicas ou trabalham em serviços de saúde. Mas o
contingente das mulheres trabalhadoras mais importantes está concentrado no
serviço doméstico remunerado; no geral, são mulheres negras, com baixo nível de
escolaridade e com os menores rendimentos na sociedade brasileira.
Segundo
o Seade – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, do governo do Estado
de São Paulo – quanto ao “comportamento do desemprego feminino na Região
Metropolitana de São Paulo, observa-se que, em 1985, essa taxa era de 15,5%
para as mulheres e de 10,1% para os homens, aumentando, em 2000, para 20,9% e
15,0%, respectivamente. Isso significa que na RMSP [Região Metropolitana de São
Paulo], em 2000, uma em cada cinco mulheres que integravam a População
Economicamente Ativa encontravam-se na condição de desempregada.”
O
total das mulheres no trabalho precário e informal é de 61%, sendo 13% superior
à presença dos homens (54%). A mulher negra tem uma taxa 71% superior à dos
homens brancos e 23% delas são empregadas domésticas. Necessariamente, a
análise da situação da presença feminina no mundo do trabalho passa por uma
revisão das funções sociais da mulher, pela crítica ao entendimento
convencional do que seja o trabalho e as formas de mensuração deste, que são
efetivadas no mercado.
O
trabalho não remunerado da mulher, especialmente o realizado no âmbito
familiar, não é contabilizado por nosso sistema estatístico e não possui
valorização social - nem pelas próprias mulheres - embora contribuam
significativamente com a renda familiar e venha crescendo. O que se conclui com
os estudos sobre a situação da mulher no mercado de trabalho é que ocorre uma
dificuldade em separar a vida familiar da vida laboral ou vida pública da vida
privada, mesmo em se tratando da participação no mercado de trabalho, na
população economicamente ativa.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São
Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Cresce participação do
negro no mercado de trabalho
Brasília – A
participação dos negros no mercado de trabalho brasileiro aumentou desde a
segunda metade da década de 90. No entanto, as condições de trabalho e de renda
ainda continuam muito aquém das registradas pela população branca.
De acordo
com o Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2007-2008, elaborado
pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
20,6 milhões de pessoas ingressaram no mercado de trabalho de 1995 a 2006.
Desse número, apenas 7,7 milhões eram brancos. O restante, 12,6 milhões de
pessoas, eram pardas e pretas.
No entanto,
ao observar o rendimento mensal real do trabalho, a desigualdade de raça e a de
gênero prevalece. O vencimento médio dos homens brancos em todo país equivalia,
em 2006, a R$1.164,00, valor 53% maior do que a remuneração obtida pelas
mulheres brancas, que era de R$ 744,71. O rendimento dos homens brancos era
ainda 98,5% superior ao dos homens negros e pardos, que era de R$ 586,26. Era
ainda 200% superior ao rendimento das mulheres negras.
Para o
pesquisador do Departamento Intersindical de Estatística e de Estudos
Socioeconômicos (Dieese) Clemente Ganz Lúcio, que também integra grupo de
trabalho do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) sobre
políticas de equidade, a diminuição da desigualdade no mercado de trabalho
depende de vários fatores, mas especialmente do acesso da população negra à
educação de qualidade.
“Os avanços
que podem ser conquistados dependem de vários fatores, entre eles, do
crescimento econômico, do processo de desenvolvimento, dos ganhos políticos, da
democracia. No caso específico dos negros, um dos fatores que contribuem para
essa desigualdade é educação, ou seja, o acesso à educação de qualidade.
Enquanto os negros não chegaram no mesmo ritmo ao ensino universitário, ao
ensino técnico, aos postos de trabalho de qualidade, a diferenciação de renda
não vai cair.”
Para
Clemente Ganz Lúcio, é importante destacar o reconhecimento da existência da
desigualdade e sua redução ao longo dos últimos anos, um avanço a ser
comemorado. “O que nós temos que observar é o fato de que temos uma redução da
desigualdade. Ainda é grande, mas até pouco tempo não era nem reconhecida. À
medida que se reconhece que a desigualdade é um problema estrutural, ou seja,
ele não é momentâneo, faz parte da nossa história.
“Deve ser
comemorado no sentido de que caminhamos no sentido da redução dessa
desigualdade. Deve nos preocupar, deve ser um alerta, deve ser um indicativo de
que a gente deve estar o tempo todo combatendo, mas também identificando se as
ações que estão sendo implementadas estão contribuindo para que ocorra uma
diminuição dessa desigualdade”, acrescentou.
Ele lembrou que a luta contra a discriminação é recente no Brasil e que
ainda há muito caminho a ser percorrido para eliminar o problema. “A história
nos mostra que os processos sociais que levam a essa mudança não são imediatos,
ou seja, é uma construção social que leva tempo. Mais ou menos o tempo de quanto
as políticas publicas, os movimentos sociais e a organização da sociedade estão
dispostas a promover a transformação daquela realidade. Mas, de todo modo,
levam-se anos, gerações para que ocorram mudanças substantivas nesse aspecto. A
própria questão da discriminação racial é uma luta dos últimos 100 anos.
Pegando a história da humanidade, é uma luta de pouco tempo, assim como a luta
pela igualdade entre homens e mulheres. São conquistas que não são pequenas”,
avaliou.
Pesquisa
divulgada nesta semana pelo Dieese e pela Fundação Seade mostra que os salários
pagos na região metropolitana de São Paulo a profissionais não negros ainda
representam o dobro dos rendimentos dos negros.
Fonte: Agência Brasil Por Luciana Lima/ 2008
MERCADO DE TRABALHO E
APOSENTADORIA
O crescimento da proporção de
idosos na população brasileira é motivado, segundo Solange Kanso, do IPEA,
principalmente por dois fatores: o aumento da expectativa de vida e a queda nas
taxas de fecundidade.
“Há 40 anos, uma pessoa com 60
anos de idade não tinha as condições que temos hoje. Além de estar vivendo
mais, a gente está vivendo melhor”, diz a pesquisadora, destacando que, além
dos avanços da medicina e do crescimento econômico, que têm possibilitado aos
idosos se manterem mais ativos, a redução no número de filhos registrada nas
últimas três décadas tem aumentado a proporção de pessoas mais velhas no País.
Diante desse quadro, uma das
principais questões que se coloca é: como ocupar essa parcela da população por
mais tempo?
“O problema é que o mercado de
trabalho acha que uma pessoa acima de 45, 50 anos já está velha para ser
contratada e, por outro lado, o Governo considera um trabalhador de 60 anos
ainda jovem para se aposentar e quer aumentar o tempo de contribuição”, pondera
José Alberto Coutinho, engenheiro de 47 anos idade, que teme não conseguir se
aposentar quando, em 2030, completar 65 anos.
O receio de José Alberto não soa
infundado. Mas, na realidade, levantamentos do IBGE e estimativas do Ipea indicam
que é cada vez maior o número de idosos que ultrapassam o período de direito à
aposentadoria e continuam trabalhando. Segundo analistas dos institutos, isso
ocorre devido ao aumento da capacidade laboral das pessoas, que não se sentem
impelidas a deixar suas atribuições, mas também ao fato de os jovens
postergarem a saída das casas dos pais.
Os dados apontam que os homens
têm permanecido no mercado de trabalho, em média, cerca de três anos além da
idade exigida para se aposentar, e as mulheres, em torno de quatro anos. Por
outro lado, os jovens têm permanecido mais tempo em casa, muitos preferindo se
escolarizar para depois entrar no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, cerca de
20% dos domicílios no Brasil têm idosos como o principal responsável.
De acordo com o secretário de
Políticas de Previdência Social, Leonardo Rolim, outro fator decisivo para o
papel fundamental dos idosos nos rendimentos das famílias é o alto nível de
informalidade e de rotatividade dos jovens no mercado de trabalho. “O jovem
tende a ser mais seletivo na escolha de seu emprego, por não ser chefe de
família, assim ele troca mais de emprego e vive mais na informalidade”, diz,
destacando que a estabilidade da economia nacional tem possibilitado aos jovens
permanecer nessas condições por mais tempo.
Diante disso, uma característica
dos jovens tem se mantido: muitos deles não têm preocupação com o futuro, não
se mantêm em um emprego formal e não pagam previdência privada. Uma condição
que só torna mais complexo o desafio de cuidar dos brasileiros idosos a longo
prazo.